quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

BEST OF NACIONAL 2017


As minhas escolhas de ficção nacional publicadas hoje na revista Sábado.

Chegada tarde à vida literária, Cristina Carvalho tem vindo a impor-se à revelia dos lobbies instalados. Rebeldia, o seu romance mais recente, conta a história de uma mulher que, no auge do salazarisno, decide ser senhora do seu destino. Narrado com a tinta forte do realismo sem filtro, o romance tem passagens de rara violência verbal, carga sexual incluída.

Com uma escrita limpa e polida até ao osso, Bruno Vieira Amaral é das vozes mais assertivas da ficção nacional — ao ponto de ter inscrito o Bairro Amélia no cânone. Hoje Estarás Comigo no Paraíso demonstra como, a partir de uma grelha autobiográfica habilmente ficcionada, o romance coloca ao leitor questões da sua própria contemporaneidade.

O romance de estreia de Dulce Garcia, Quando perdes tudo não tens pressa de ir a lado nenhum, confirmou a vitalidade da ficção nacional escrita por mulheres. Numa prosa seca, isenta de autocomplacência, a autora ilustra o terreno movediço de todos os interditos: sexo, droga, violência e disfunções familiares, atrito conjugal. Epítome do estranhamento, a  ‘mulher do saco’ entrou assim na galeria das heroínas de ficção.