sábado, 23 de abril de 2016

CÂNONE

Para assinalar o Dia Mundial do Livro, que hoje se comemora, o Diário de Notícias pediu a professores, ensaístas, críticos e editores (alguns dos quais são também criadores), que fizessem a lista das 50 obras mais importantes da Literatura portuguesa de todos os tempos. O processo fez-se em três fases. Primeiro, Miguel Real fez o cânone em bruto. A seguir, dez especialistas peneiraram. Foram eles António Mega Ferreira, Francisco Vale, Isabel Alçada, Isabel Pires de Lima, José Viale Moutinho, Manuel Alberto Valente, Maria Alzira Seixo, Nuno Júdice, Pedro Mexia e Zeferino Coelho. Por último, Fernando Pinto do Amaral fixou a lista final. Aqui vai:

AS MELHORES EM QUALQUER GÉNERO
Os Lusíadas, Camões
Livro do Desassossego, Fernando Pessoa
Sermões, Padre António Vieira
Os Maias, Eça de Queiroz
Cancioneiros Medievais (Cantigas de Amigo e de Amor)
Crónica de D. João I, Fernão Lopes
Peregrinação, Fernão Mendes Pinto
Memorial do Convento, José Saramago
Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett
A Brasileira de Prazins, Camilo Castelo Branco
Sôbolos Rios que Vão, António Lobo Antunes
A Sibila, Agustina Bessa-Luís
Sonetos, Antero de Quental
Húmus, Raul Brandão
Livro Sexto, Sophia de Mello Breyner Andresen
Menina e Moça, Bernardim Ribeiro
Mau Tempo no Canal, Vitorino Nemésio
A Arte de Ser Português, Teixeira de Pascoaes
A Casa Grande de Romarigães, Aquilino Ribeiro
Sinais de Fogo, Jorge de Sena
Aparição, Vergílio Ferreira
O Delfim, José Cardoso Pires
Uma Abelha na Chuva, Carlos de Oliveira
Maina Mendes, Maria Velho da Costa
Uma Viagem à Índia, Gonçalo M. Tavares

AS MELHORES EM POESIA
Obra Poética, Sá de Miranda
Poesia, Bocage
O Livro, Cesário Verde
, António Nobre
Clepsidra, Camilo Pessanha
Poemas de Deus e do Diabo, José Régio
As Mãos e os Frutos, Eugénio de Andrade
Pena Capital, Mário Cesariny
A Colher na Boca, Herberto Helder
Toda a Terra, Ruy Belo

AS MELHORES PEÇAS DE TEATRO
Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente
A Castro, António Ferreira
Auto do Fidalgo Aprendiz, Francisco Manuel de Melo
Guerras de Alecrim e Manjerona, António José da Silva
O Judeu, Bernardo Santareno

OS MELHORES ENSAIOS
Leal Conselheiro, D. Duarte
Quod nihil scitur, Francisco Sanches
O Verdadeiro Método de Estudar, Luís António Verney
Portugal Contemporâneo, Oliveira Martins
A Ideia de Deus, Sampaio Bruno
Ensaios, António Sérgio
Ir À Índia Sem Sair de Portugal, Agostinho da Silva
O Labirinto da Saudade, Eduardo Lourenço
Tratado da Evidência, Fernando Gil
O Erro de Descartes, António Damásio

Vale o que vale. Em todo o caso, a ausência de Alexandre O’Neill é um absurdo. Por outro lado, é sintomático que Vergílio Ferreira esteja representado com uma obra de 1959. E o Torga não aparece, o que não deixa de ter graça, se nos lembrarmos de um caricato protesto de deputados, no Parlamento, em 2003, por ele ter ficado de fora de uma famosa antologia. Tudo visto, subscrevo 48 das 50 escolhas.